A fim de reunir as produções artísticas produzidas durante o período de distanciamento social, o grupo de pesquisa Espaço, Corpo, Arte e Estética (Gecae), do programa de pós-graduação em comunicação da Universidade de Brasília (UnB), criou o projeto Cartografias do Isolamento.
Formado pela coordenadora de pós-graduação em comunicação da UnB, Gabriela de Freitas, junto com as mestrandas Fernanda Sá e Lorena Figueiredo, o grupo reunirá vídeos, fotografias, ilustrações, colagens, intervenções, performances, poemas, artigos científicos e ensaios produzidos durante a pandemia.
“Trabalhamos com essa relação entre corpo-cidade e, nesse contexto, o isolamento social nos impõe uma série de mudanças tanto nos âmbitos macro quanto micropolíticos, que nos implica em transformações econômicas, sociais, históricas, culturais e subjetivas. Nesse cenário, como nossas próprias subjetividades constituem a subversão a esta imposição necessária? Como os afetos se transformam e procuram criar novos laços mesmo quando não podem se constituir no mesmo espaço físico? Procuramos responder essas perguntas”, explica a mestranda Fernanda Sá.
De acordo com a pesquisadora, o nome vem do método da pesquisa qualitativa no âmbito das ciências sócio-humanas, criado por Deleuze e Guattari. “A cartografia permite a elaboração de um mapa, não de um território, atrelado aos aspectos físicos de uma determinada região, mas, principalmente, ao desenho de relações, jogos de poder, discursos, movimentos, afetos, modos de subjetivação e resistência. A arte nesse sentido é um olhar atento ao que está acontecendo. É expressão, fluidez, é uma forma de tentar sentir esse momento e passar isso para algum suporte”.
Com as obras, o grupo de pesquisa pretende realizar uma exposição presencial e a publicação de um livro impresso, mas tudo depende do levantamento de recursos e a volta das atividades normais do cotidiano. “Como não temos data para acabar tudo isso, divulgamos os trabalhos nas redes sociais e trabalhamos na hipótese também de exposição on-line, caso não consigamos recursos para exposição presencial. Abriremos também edital para publicação de um livro, que também dependerá de recursos para ser impresso, principalmente num momento que as pesquisas na área de humanas e artes estão sob forte ataque com cortes de verbas”, diz Fernanda.
A pesquisadora que a arte se tornou ainda mais fundamental neste momento de isolamento. “A arte pode nos fazer enxergar melhor as subjetividades cotidianas. Vivemos o ineditismo e automaticamente essas expressões surgem. Em contrapartida, nunca precisamos tanto de arte e de cultura para passar por uma crise coletiva, o que pode tornar esse momento mais leve, mais criativo, mais rico intelectualmente, críticos e, principalmente, mais sensíveis ao mundo”.
Inscrições para Cartografia do isolamento
Para participar do projeto, basta enviar os trabalhos para o e-mail [email protected] Os trabalhos serão divulgados no Instagram @cartografiasdoisolamento e na página do projeto no Facebook.
O prazo para envio das obras é até esta segunda-feira (15/6) e toda produção artística será aceita. “Todos os trabalhos recebidos são importantes e não existirá uma seleção dos melhores, pois nos interessa essa cartografia da subjetividade e, por isso, não há uma perspectiva de certo ou errado, mas dos afetos. Tudo que recebemos catalogamos de acordo com o formato e depois divulgamos”, completa a coordenadora Gabriela de Freitas.
*Estagiário sob supervisão de Adriana Izel
Fonte: www.correiobraziliense.com.br
