Há quatro meses em quarentena por conta da pandemia do novo coronavírus, o brasileiro já experienciou de tudo dentro de casa: o boom das lives, as inúmeras reuniões de trabalho ou em família em formato de videoconferência, e até o novo hábito de “dar banho” nas compras de supermercado. A partir desses pequenos aspectos do novo cotidiano causado pelo isolamento social programas de televisão buscam inspiração para retratar os aspectos do período com humor e leveza.
A ideia da série veio da esposa de Bruno, Joana Jabace, de Segunda chamada, que junto com Mazzeo divide a criação do projeto. “Ela trouxe essa ideia: “e se pensarmos em algo que a gente possa gravar aqui em casa? Você escreve e atua, eu dirijo”. Começamos, então, a pensar em crônicas de uma pessoa confinada. Chamei a Rosana Ferrão, minha parceira no Cilada, pensamos no formato e chegamos nesse, de fazer um diário com situações que a gente passa no confinamento, com algumas neuroses, paranoias…”, explica Mazzeo em entrevista ao Correio.
O material foi todo gravado de forma remota, cada ator da própria casa. O elenco tem ainda Arlete Salles (Rita), Fernanda Torres (Leonor), Joaquim Waddington (Marco Antônio), Lázaro Ramos (Guilherme), Lúcio Mauro Filho (Serginho) e Marcos Caruso (Leopoldo). “Adaptamos a nossa casa e, ao mesmo tempo, o texto também para coisas que a gente tinha aqui. Não estávamos nos Estúdios Globo, onde um cenário, por exemplo, é construído de acordo com a necessidade do texto. Aqui foi o contrário. O que fizemos se pareceu um pouco com o teatro, em que o ator também é o contrarregra. Tem ainda o desafio da dramaturgia: não teve uma fuga, uma cena ali na esquina, não teve um personagem que chega. Usamos tudo aqui de dentro, nas nossas possibilidades, mas sem poder usar um efeito especial, por exemplo. E esses desafios tornaram esse trabalho ainda mais prazeroso e animador”, completa o ator.
Duas perguntas // Bruno Mazzeo
O humor tem tido um papel muito importante nessa pandemia. Como você vê essa função da comédia em meio à quarentena?
O humor vem de uma tragédia, que é o que a gente está vivendo. O que muda é que o meu olhar transforma a tragédia em uma comédia, mas com essa base trágica, então a melancolia acaba vindo junto. Pelo formato possível, a gente não podia fazer uma coisa muito longa, então são episódios mais curtos. Por isso, eu tive que ir mais direto ao assunto, mais direto na graça, na identificação. As pessoas estão precisando rir.
Diário de um confinado foi lançado como uma temporada completa. A produção deve ganhar continuidade ou você está envolvido em outros projetos?
Eu estava organizado para não escrever este ano, apenas atuar. Antes da pandemia, estava gravando Fim, série baseada no livro da Fernanda Torres; na sequência faria uma nova temporada de Cilada, pro Globoplay; e dois filmes, além de nova temporada da Escolinha. Foi tudo interrompido e não sabemos quando voltarão.
Interação virtual

“A ideia veio da Dani Ocampo, com quem eu já trabalhei por muitos anos, dando aula de teatro no Tablado e em outros lugares. O intuito dela era “institucionalizar” a festinha digital na casa de todo brasileiro, convidando os melhores amigos possíveis pra invadir o seu lar. Ela disse que pensou em mim por saber do meu apreço por organizar joguinhos e dinâmicas engraçadas com os grupos de amigos”, revela Fernando Caruso.
O programa tem novos episódios lançados toda sexta-feira no aplicativo on-demand. No mais recente participaram Fafá de Belém, George Sauma, Luis Lobianco e Pedroca Monteiro. Os dois primeiros tiveram participações de Caito Mainier, Rodrigo Sant’anna, Heloísa Périssé, Maria Clara Gueiros, Bruno Mazzeo, Débora Lamm, Fabiula Nascimento e Lúcio Mauro Filho.
No roteiro, praticamente nada, “somente a lista de jogos e dinâmicas que a gente vai fazer, criado e escolhido especificamente pra cada grupo de convidado. Todo o resto surge no improviso mesmo”, explica Caruso. E é esse modo informal que aproxima o público. Cada um no seu quadrado receberá ainda ao longo da temporada nomes como Preta Gil, Marcos Caruso e Marcelo Adnet. Para Caruso, levar o humor ao público de casa na quarentena é “um serviço essencial”.

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Fonte: www.correiobraziliense.com.br