Durante muito tempo, a capital federal foi a única cidade brasileira que ainda mantinha a tradição do drive-in, formato que teve auge entre as décadas de 1950 e 1970. O primeiro drive-in surgiu nos Estados Unidos em 1933, o que motivou polêmicas. Há quem diga que foi uma alternativa à epidemia de poliomielite, mas também há indícios de que seria uma opção criada para ser mais confortável aos cinemas convencionais.
Com a pandemia do novo coronavírus, o modo de diversão dentro do carro voltou com força total, por ser uma das poucas alternativas de lazer em meio à quarentena. “Ele surgiu como uma primeira oportunidade de retomada para evento presencial. Chegou de uma forma tímida e, logo, ganhou força. A gente vê isso acontecendo no Brasil todo. As principais cidades, claro, trazem um volume maior, como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Mas já vemos também acontecendo no interior. Está sendo uma experiência de nível nacional”, avalia Tereza Santos, diretora de serviços da Sympla, plataforma de venda on-line de ingressos que dedica uma seção apenas a eventos drive-in no país.
Inicialmente o decreto permitia apenas a modalidade para exibição de cinema. No entanto, o setor pressionou o governo do Distrito Federal e conseguiu que, em 3 de junho, uma atualização permitisse atividades coletivas culturais, de qualquer natureza, em estacionamentos desde que as pessoas permaneçam dentro dos veículos. O decreto ainda ganhou mais uma atualização e o mais recente, de 2 de julho, não faz objeção à venda de comida e bebida, desde que seja mantida a distância mínima entre os veículos.
Primeiras iniciativas

Novas ideias

“Na verdade tanto eu, quanto meus parceiros nessa empreitada somos produtores de eventos em Brasília há muitos anos. São seis produtoras que estavam com calendário marcado de shows que foram impedidos em razão da pandemia. No intuito de sobrevivência nossa e da cadeia fomos buscando experiências inovadoras. Primeiro trabalhando lives, agora conseguimos a liberação do drive-in para outras modalidades”, explica Aci Carvalho, um dos idealizadores.
Ele revela que o sucesso do drive-in do Allianz Parque, em São Paulo, também serviu para quebrar os paradigmas e fazer com que as pessoas vissem a iniciativa de forma melhor. “Era muito importante criar uma forma de entretenimento, que fosse de qualidade e conseguisse gerar uma experiência para o nosso cliente com segurança”, completa. Assim, o evento tem medidas sanitárias e também pensadas para evitar o consumo de bebidas alcoólicas pelos motoristas, com campanha e também alternativas de “amigo da vez”, como motorista de aluguel. “Estamos lidando com muita seriedade, não queremos banalizar uma situação tão séria. Mas as pessoas estão cansadas e depressivas em casa, precisam de lazer. Vamos oferecer uma forma segura, com uma experiência nova a cada semana”, acrescenta Carvalho.
O surgimento do projeto também tem a intenção de descentralizar o formato drive-in, que está mais concentrado no Plano Piloto. As sessões de cinema farão parte do espaço, assim como outras modalidades culturais, inclusive, há uma parceria com o Instituto Candango de Artes, de Ceilândia, que promoverá apresentações de dança. “Com isso, conseguimos promover 200 empregos diretos e indiretos, celebrando a arte de Taguatinga, Ceilândia, Samambaia e Santa Maria, com segurança para todos, tanto a população, como a parte técnica. Sentamos com a Vigilância Sanitária e com a Administração de Taguatinga para estabelecer as medidas de segurança”, comenta. O espaço tem capacidade de 350 carros.
Alternativa que virou tendência

Na próxima semana o Drive-In CCBB apresenta espetáculos do Movimento Internacional de Dança, com as batalhas de breaking entre os grupos BSB Girls contra o DF e Zulu Brakers, Master D Floor Riders e Natural Rockers Transições e às 18h30, como pontos altos.
Fonte: www.correiobraziliense.com.br